segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Desta vez, um post para pais de alunos do ensino secundário

Todos os anos, as calculadoras gráficas são um "peso-pesado" nas despesas com material escolar dos alunos que vão ter Matemática A no ensino secundário. E todos os anos, os pais se colocam as mesmas questões, em particular: "Quanto preciso gastar para que o meu filho tenha uma calculadora adequada às suas necessidades? "



Nos pontos de revenda, os alunos são geralmente aliciados para modelos mais recentes, tecnologicamente mais "artilhados" e apresentados como tendo preços competitivos. Algum desconhecimento, por parte dos pais, da reais necessidades em sala de aula é por vezes explorado - tanto pelos revendedores que querem fazer negócio como pelos alunos que gostam de se mostrar com uma calculadora topo-de-gama. 

Mas... será mesmo preciso comprar um Ferrari quando ainda se vai começar a tirar a carta...? Informe-se e pondere MUITO bem antes de comprar, porque o seu investimento pode não vir a ter o retorno esperado. 

Ou, em termos mais práticos e diretos: quando os pais me perguntam qual é a diferença entre uma calculadora de 80 euros e outra de 190, a minha resposta costuma ser... "na sua carteira, 110 euros - para mim e para o aluno, na sala de aula, o que a mais cara faz ou tem a mais pode não ser relevante!".

Aqui ficam algumas dicas:

1. A calculadora é um instrumento de trabalho. Muitos alunos preferem o modelo X ou Y  (mais caros) porque dão para jogos, ao contrário dos modelos A ou B (mais baratos). O seu filho não precisa nem deve levar jogos para a sala de aula.

2. Um écran a cores é perfeitamente dispensável. Não se deixe enganar, cores não configuram nenhuma mais-valia face ao que vai ser feito na calculadora. Nas situações em que isso pode ser importante usam-se computadores com programas de Matemática Dinâmica.

3. Uma máquina "potente" só tem interesse se for rentabilizada. Acredite: a plena exploração do programa de Matemática A dispensa uma parte significativa das imensas potencialidades das calculadoras gráficas - mesmo das mais baratas e/ou mais antigas (como a minha, com mais de quinze anos!). E os alunos têm uma aversão natural a consultar manuais, pelo que muitas vezes acabam por usar mal, ou mesmo não saber usar, as suas calculadoras. 

4. Não espere que a calculadora do secundário sirva para a faculdade. Muitos pais, em especial os de alunos que pensam em engenharia(s), investem em calculadoras "melhores" a pensar no futuro. Desengane-se: a evolução tecnológica é imparável e os professores do ensino superior tendem a ter gostos muito particulares no que toca a estas maquinetas...!

5. Certifique-se que a calculadora vai poder ser usada nos exames nacionais! Nem todos os modelos são admitidos em exame: consulte aqui a circular do Ministério da Educação para os exames de 2013.

6. Reutilize! Alunos que terminaram o secundário ou que decidiram mudar de curso, pesquisas online... é muto fácil encontrar calculadoras usadas para venda, em excelente estado. Aproveite, novas mesmo só precisa de ter as pilhas!

7. Se tem dúvidas, não hesite e esclareça-as com o professor de Matemática. Sei por (vasta!) experiência própria que as informações que eu dou na aula aos alunos são, por vezes, MUITO diferentes das que chegam aos pais... 

Não recicle, reutilize!

Comece já o ano escolar a fazer matemática em família calculando quanto poderá poupar se aderir à reutilização de manuais escolares.

Este ano prevê-se que as despesas com manuais escolares novos sejam nestes montantes (clique aqui ou sobre a imagem para mais dicas de poupança):



Pode encontrar os livros de que precisa em 


     

     

Incentive os seus filhos... negoceie com eles um reforço da mesada de setembro no montante de 15% da poupança conseguida e aproveite a oportunidade para  uma revisão do cálculo mental de percentagens: 
     - 50% corresponde a metade, divide-se a poupança por 2;
     - 25% corresponde a um quarto e divide-se a poupança por 4... mas também se pode calcular como metade de 50%;
     - 10% corresponde a um décimo e divide-se a poupança por 10;
     - 5% é metade de 10%.
Assim fica bem mais fácil e rápido calcular 15% de um poupança de (por exº) 140 euros:
                        10% de 140 são      140 : 10 = 14
                          5% de 140 são      14 : 2 = 7
                        15% de 140 são      14 + 7 = 21
Depois... é só pensar como gerir um suplemento de mesada de 21 euros para os filhotes e uma poupança de 119 euros para os pais  .

Todos ficam a ganhar - até o ambiente, certo?! 

domingo, 1 de setembro de 2013

"A escola que queremos ter" (Público, 1 de setembro de 2013)

O provérbio "em setembro semeia o teu pão" sempre me pareceu uma boa metáfora de setembro enquanto mês do regresso às aulas. 

Mas como também acredito que "quem semeia ventos colhe tempestades", importa refletir sobre o terreno a semear e as sementes que se vão lançar. Nesse sentido, a todos quantos se preocupam com estas coisas da educação, recomendo uma leitura atenta do trabalho de Catarina Fernandes Martins na edição de hoje no caderno P2 do jornal Público. 

Ponto de partida para esta reflexão:
A escola de massas, onde um professor ensina ao mesmo tempo e no mesmo lugar dezenas de alunos, nasceu com a revolução industrial mas chegou ao século XXI. Em dois séculos, mudaram os estudantes, mudou a sociedade e mudou o mercado de trabalho. Quando mudará a escola?


(TUNUCCI, Francesco - Máquina Escolar)


Enquanto sociedade, devemos às nossas crianças e jovens uma escola que as capacite, individual e coletivamente, para enfrentar os inúmeros (e talvez inimagináveis) desafios de complexidade deste século XXI.

Que escola queremos então ter? Que escola vamos ser capazes de construir?

De volta à escola...

... quando se fecha a porta da sala de aula...


... é tempo de (re)começar a abrir janelas.